quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Entrevista com Marco Aurélio Cunha

Em entrevista exclusiva para o blog, Marco Aurélio Cunha expôs alguns pontos de vista sobre a política no futebol e suas experiências. Em um longo bate-papo ele fala sobre o atual momento do futebol envolvendo as questões do Bom Senso FC, projetos viabilizando melhorias a quem frequenta os estádios, questões políticas e extra campo do São Paulo. Suas experiências políticas e momentos marcantes. IMPERDÍVEL.


Segue entrevista na íntegra:

Cleber: Você como pessoa forte no futebol, mais especificamente no São Paulo, existe algum projeto para as pessoas que frequentam os estádios?

MAC: Temos dois. Um que é a Zona Azul de eventos um projeto que eu criei quando você naquele dia que tem os jogos a prefeitura atuando nos espaços públicos fazendo um cartão de zona azul especial para eventos, para que as pessoas possam ir lá estacionar com o mínimo de uma fiscalização e policiamento. Claro que aquela zona azul será para cada evento. É uma forma de inibir a ação de flanelinhas e guardadores de carros, que cobram R$100, R$50 em uma vaga. O outro é a alimentação em torno dos eventos, a prefeitura proibiu tudo, não podemos ter nada e não é justo deixar o consumidor por conta daquilo que o estádio produz e vende por conta de acertos econômicos. Estamos fazendo junto com o Vereador André Matarazzo um projeto de lei de comida de rua, onde ela possa ser regulamentada.

Cleber: por frequentar bastante os estádios vejo está dificuldade em estacionar o carro, principalmente no Morumbi percebo essa dificuldade...

MAC: no futuro o São Paulo pretende construir um estacionamento maior sob seu estádio, lá passa o riacho e existe alguma dificuldade técnica, mas dentro da parte social é possível fazer, onde existem os campos sintéticos que nós temos lá. Na verdade é uma proposta do nosso candidato Kalil Rocha Abdala.

Cleber: E você entrará como vice candidato com ele?

MAC: vou entrar como auxiliar (risos). Aquilo que ele determinar eu irei ajuda-lo.

Cleber: houve um projeto de lei em que os jogos em São Paulo terminariam no máximo às 23h e não foi sancionado. Você acredita na possibilidade de isto se tornar real?

MAC: acho que o valor do produto comercial e os direitos adquiridos pela globo impedem qualquer cosisa neste sentido. Mas acho que há uma esperança com esse grupo de jogadores do Bom Senso F.C. que eu apoio aprovo e defendo fortemente, que eles façam um gesto e que possam antecipar um pouco as partidas noturnas. O grande problema da globo é a novela, que é um produto extraordinário e ela não abre mão do espaço da novela para por o futebol. Mas isso da muito transtorno para quem vai ao estádio, por conta do retorno muito tardio, as pessoas saem do estádio praticamente a 00h! O metrô não funciona depois deste horário, os serviços públicos também são mais difíceis nesse horário, então as famílias, as crianças e as pessoas que trabalham no outro dia cedo deixam de ir aos estádios. Ás 21h seria um horário perfeito, porque as pessoas podem sair do trabalho às 18h, comer algo, chegar no estádio. E voltar para casa por volta da 00h. [...] acho que os clubes e os atletas envolvidos poderiam tentar persuadir um pouco e ser mais cedo, pelo menos às 21h15. Mas um dia a globo vai entender que isso é verdade.

Cleber: o Alex (meia do Coritiba) deu uma entrevista abordando este tema...

MAC: ele é um menino muito inteligente! Eu tive o prazer e a honra de ter feito o primeiro contrato profissional dele no Coritiba em 1996. Eu era o diretor de futebol e ele fez o primeiro contrato na minha companhia e do presidente João Malucelli nós que o pusemos no profissionalismo em 1996.

Cleber: ele é um jogador muito querido por todos torcedores: palmerense, corintiano, santista, são paulino...

MAC: há jogadores que transcendem a essa imagem, você vê a competência, você vê a capacidade, no caso dele e do Marcos. Alguns são muito clubísticos no caso do próprio Rogério Ceni, mas tirando isso, todos admiram Rogério Ceni mesmo que pelo lado não são paulino possa haver alguma rejeição, como Zico, Careca, Müller que jogou em outros clubes, Rai, Zinho... todos são atletas que foram muito importantes e você não vai esquecer deles.

Cleber: o "Clube dos 13" seria uma ferramenta muito boa, mas com a ruptura e repartições entre Juvenal e o Andrés...

MAC: na verdade quem quebrou o clube dos 13 foi o Ricardo Teixeira e o presidente do Flamengo na época que era candidato do Ricardo ao clube dos 13 e tinha detenção de alguns direitos esportivos do Ricardo e da CBF e quando veio a vitória do grupo do Fábio Koff e Juvenal eles por outra via quebraram o clube dos 13.

Cleber: No ponto de vista crítico, hoje seria uma ferramenta fundamental até para o Bom Senso F.C. eles trariam um bom retorno?

MAC: é claro que uma liga tem mais valor do que se você ficar dependendo da confederação. Mas a liga tem ferramentas próprias que às vezes tem litígio com a confederação e com a própria FIFA. É preciso arrumar um modelo melhor, a CBF gosta muito da Seleção Brasileira... e gosta muito pouco dos clubes! Usa os clubes de forma indevida. Pega o jogador, que vai servir a seleção, ele volta machucado, ele volta cansado, ou volta glorificado, depreciado... devolve para o clube, virá as costas e não devolve nenhum tostão! Você só arrecadou! Arrecada publicidade, grandes contratos de TV, amistosos... você não tem custo! Essa história é mau contada (risos). Gostaríamos realmente que os clubes participassem. Aquele que serve o jogador ter uma participação, enfim que fosse parte disso. Acho que a liga é uma coisa interessante. Acho que o Brasil não está maduro para sair agora pensando assim, mas após a Copa do Mundo a gente vai poder fazer uma grande discussão do futebol brasileiro.

Cleber: até a questão de adiantamento de cotas de televisão por alguns clubes isso influência bastante.

MAC: também deveria ser proibido. É preciso ter o rigor fiscal, é preciso ter o rigor de gastos, é preciso ter uma regra. O futebol não é arbitrado. Qualquer um pode ser diretor de futebol! É político. Qualquer um pode ser treinador, ex-jogador parou amanhã ele é técnico. Há alguns desregramentos no futebol não há inspiração de qualificação no futebol. Isso gera essas questões mal resolvidas... pessimamente resolvidas. Você fica a mercê  de alguns sujeitos importantes politicamente que vai dirigir uma coisa que ele nunca fez parte, nunca fez parte! Por incrível que pareça o Marín ainda jogou no São Paulo tem uma história ligada ao futebol...

Cleber: Ele ainda tem um vínculo com o São Paulo?

MAC: tem, tem... mas ele consegue ser neutro, claro na hora certa. Mas as outras pessoas são advogadas por exemplo, nunca participara do processo e de repente são postos.

Cleber: Focando mais no São Paulo, o Muricy hoje é incontestável já era para ter vindo a muito tempo?

 MAC: já era para ter vindo a muito tempo. Mas por questão de vaidade, por o São Paulo querer um técnico que fosse mais manipulado, que ouvisse a diretoria na sua consistência de querer colocar jogador de Cotia a torto e a direita, sem seguir uma programação correta, sem um treinador que soubesse escolher. Muricy me lembra muito o Poy que trabalhou no São Paulo, o mesmo jeito! Um cara vitorioso, não foi tanto quanto o Muricy mas ganhou alguns campeonatos, era diferente o futebol. Mas quando ele participou o São Paulo foi muito bem, ele que trazia os jogadores da base. De repente eles querem que mude tudo, que venha jogadores da base em penca que Cotia seja posta como fábrica de talentos sem amadurecimento correto. E hoje você vê, o Rodrigo Caio está a quanto tempo faz que ele está ai para ser lançado agora se firmou? O Wellington foi a mesma coisa, demorou dois anos para ele aparecer. Você sabe quem é bom! O Ademilson vem mostrando alguma qualidade. Não da para por o que o treinador, o diretor quer... o que o presidente quer. O presidente olha um lá que é famoso. Via de regra o famoso na base não vira jogador, ele é tão badalado que acaba fraquejando. E aquele que veio por vias naturais vira um grande jogador. Vivi base, trabalhei no São Paulo vinte anos. Sei exatamente como funciona! Você tem que preparar o jogador. Uns amadurecem mais tarde, no caso do Hernanes e do Jean, uns são muito mais cedo como o Lucas e quem não conhece futebol quer por tudo de uma vez, para valorizar Cotia.

Cleber: hoje o Vasco vem enfrentando certa dificuldade com isso, para um momento difícil são muitos jogadores da base para resolverem...

MAC: então, não ganha! Quem ganha campeonato é adulto! Quem ganha campeonato é adulto! Veja o Corinthians pegou um time velho, maduro, e ganhou tudo. Não tem nenhum jogador da base. Ai as pessoas falam: "Você é contra a base?". Sou totalmente a favor! Só que cada um a seu tempo. Se um jogador de base tem 17, 18 anos e o espectro de jogadores é de 17 a 40 anos no caso do São Paulo, mas vamos esquecer o Rogério, vamos por 35 (anos). Você tem 17 anos de faixas etárias. Então tem lá um ou dois (jogadores) de 17, 18 anos ai tem 20, 21, 22, 23, 24, 25 anos tem três ou quatro, 28 anos tem quatro ou cinco, 29 anos tem mais dois, 30 anos tem mais dois... ou seja, não da para por em um time de futebol todos com 18, 19 anos. É como pegar um hospital e colocar só os residentes para tocar não vai dar certo. Foi o que o São Paulo tentou fazer e que obviamente não deu muito certo.

Cleber: Tem muita influência do empresário? Em relação a "cabeça" do menino...

MAC: não tem problema nenhum ter empresário! As vezes a gente pensa que o empresário é um bandido. O empresário não é um bandido é uma função normal, quem faz o empresário bandido é o próprio dirigente! Que é submetido à corrupção! Que aceita a regra do empresário. Empresário é bom, tem muitos corretos, e que dançam conforme a música que o próprio dirigente permite. 

Cleber: Isso parte de dentro do próprio clube, o dirigente que  fala "podemos negociar"?

MAC: se o clube abre a porteira desse jeito o empresário que vai chegar é ruim. Agora se o clube é sério o empresário que vai chegar é bom. Eu quero trabalhar com empresários bons, corretos, sérios. É um elemento que não tem como hoje você abrir mão. A sua postura é que determina a postura do empresário.

Cleber: o Muricy em 2009 na sua opinião não teria saído do São Paulo?

MAC: eu estava lá. Havia um desgaste grande por três campeonatos brasileiros, mais ou menos igual ao Tite agora. O Tite vai sair no fim do ano, pode escrever. 

Cleber: eu acho que ele sai e o Mano chega...

MAC: é bem isso que vai acontecer mesmo. Mas talvez fosse bom fazer diferente, olha Tite, você fica agora seis meses fora, passa o Paulista quatro meses, nós vamos tentar reformular o time e você vai nos ajudar. O time do Corinthians deu. Você tem que bater palma para cada um ali. Você que o Emerson, Danilo, Alessandro já são jogadores mais velhos. Então você vai vendo que o time já tem que ter uma renovação. Faz a renovação, terminou Abril, Maio... Tite volta. E neste período fica o assessor técnico, da oportunidade para um desses caras de dirigirem o time. Para o Tite poder sair fora um pouco da crise técnica, do cansaço, do desgaste pessoal. Se o São Paulo tivesse feito isso com Muricy, ele estaria lá desde esse tempo. Mas no futebol ninguém pensa assim. Ai troca o técnico ninguém nunca mais acha um "Tite", dai faz igual o São Paulo fica batendo e gastando dinheiro atrás de um "Muricy". E aqueles que criticavam o Muricy hoje estão batendo palma. Futebol é isso. Infelizmente não tem planejamento, o próprio Juvenal disse: "joguei fora o planejamento e trouxe a solução". Ora! Porque a solução não podia fazer parte do planejamento?

Cleber: vamos fazer um bate-pronto, direi uma frase e você diz o que pensa a respeito. Aposentadoria do Rogério Ceni:

MAC: faria depois do campeonato paulista. Jogaria um paulista, sendo homenageado em cada cidade do interior acho que ninguém jogou o campeonato paulista mais que o Rogério Ceni. Vinte anos de campeonato paulista, seria mais um ano de campeonato paulista. Não tendo de se despedir agudamente, correndo, porque se o São Paulo perder a Sul-Americana é ruim. Se ganhar é porque não deu tempo, já vem natal, ano novo e férias. Então eu faria uma renovação com ele até o final do paulista, até quando ele quisesse, ia se despedindo de cada cidade do interior e pediria para a Federação deixar fazer um troféu Rogério Ceni para o melhor jogador, um acessório do time campeão. Quem sabe o São Paulo não possa ser campeão já que não ganha desde 2005.

Cleber: cobertura do Morumbi e Arena multi uso...

MAC: é uma incógnita. Nós aqui trabalhamos muito para que fosse aprovada a obra, para que houvesse o alvará de construção, de repente isso ficou um pouco na camada de valores para fazer o capital, essa história está meio mal contada. Faz um ano que foi liberada e isso até hoje não saiu. Acho que a conta não fechou com a construtora, com a arena, não sei responder. Quem pode responder isso é o advogado do São Paulo, o Manssur que tomou conta desse processo esses três anos.

Cleber: Bom Senso F.C. ...

MAC: apoio 100% e acho que o calendário, hoje eu vi uma notícia parecida com isso, a FIFA enquanto não estipular o número de jogos por ano de uma atleta, nós vamos ter o super uso de atletas as lesões, a volta do jogador ainda em fase de recuperação então é facílimo, 60 jogos por ano e mais 6 jogos por seleção ou um bônus de 6 se ele serviu a seleção. Então 60 jogos pelo seu clube, ou 66 se houver jogos na seleção. Se ele foi a seleção anularia pelo menos 6 jogos Um mês de férias, um mês de pré temporada e dez meses de campeonatos seja lá quais forem, 6 jogos por mês uma semana sim outra não no meio da semana tendo jogo. Então quatro fins de semana, mais dois (jogos) meio de semana, seis. Vezes dez. sessenta jogos, mais seis de seleção 66. Esse é o limite. Você poderia trabalhar com jogadores reservas, ficaria mais fácil para o treinador rodar o elenco ninguém seria tão reserva assim e o jogador lesionado teria mais tempo de recuperação. "A não vou com você hoje, vou guardar esse jogo para frente".

Cleber: o São Paulo que teve o elenco muito criticado foi o time que mais jogou este ano, teve uma pré temporada mais curta por já entrar na pré libertadores, participou de jogos na Europa e as vezes esquecemos deste ponto...

MAC: o Paulo Autuori caiu por conta do calendário que foi má sorte.

Cleber: um momento marcante para você no futebol, do qual você vivenciou...

MAC: muitos, muitos. Mas houveram dois extraordinários: conhecer o Papa João Paulo II e conhecer a Madre Tereza de Calcutá por conta do São Paulo. Dentro do campo o gol do Careca naquela decisão com o Guarani. Meu maior ídolo, meu maior amigo no futebol, sem duvida. Tenho muitos amigos de muita proximidade, mas ele representa a idolatria e a amizade juntos. Então isso eu nunca vou esquecer. E o gol do Mineiro, na conquista contra o Liverpool para mim mágica e as defesas do Rogério Ceni. Eu estava no banco nas duas partidas, um privilégio extraordinário né estar junto ao Papa, Madre Tereza de Calcutá. Acho que esses são os momentos mágicos da minha vida no futebol.

Cleber: acho legal que você traz muito a questão da fidelização com as pessoas, a amizade.

MAC: a minha vida é feita de laços. Eu certamente tenho todos comigo... eles veem aqui a gente lembra junto, eles trazem os álbuns a gente conversa, o Edson por exemplo volta e meia estou falando com ele por telefone, o Assis, o Paraná... 

Cleber: acredito que o torcedor que frequenta o estádio, que da arquibancada se orgulha em dizer que fez parte pelo simples fato de estar lá cantando, o que não deixa de ser uma parcela de ajuda...

MAC: é claro, todos temos nossa parte, ninguém é melhor que ninguém. Mas fico muito feliz de estar este tempo todo no São Paulo, ter trabalhado, minha parte está feita. Se eu voltar para ajudar um pouco mais, muito bom. Se não acho que tenho uma história belíssima lá.

Cleber: da minha rede de amizade e são paulinos, até dos que não são, falam que você deveria atuar no São Paulo.

MAC: mas eu divergi e acho que minha divergência não foi em vão, já são 3 anos que aconteceu (de sair) e você vê que nem tudo foi perfeito, a gente tentando ajudar mas não queriam porque talvez eu representasse mais do que eles desejavam para não atrapalhar politicamento o grupo. To fora, paciência. Embora tem eleição vamos tentar buscar nosso espaço lá. Se perder perdeu. Minha parte eu faço, não me omito.

Cleber: houve inclusive uma questão da torcida organizada alegar que você é santista...

MAC: mas isso tudo é política. Política sórdida! Igual quando fala que fulano tem outra família, que fulano era gay, é a maldade tentando solapar a história de uma pessoa, mas ninguém consegue.

Cleber: a questão da diretoria alinhada com a torcida acredito que ficou nítida quando foi solicitado que ninguém xingasse a diretoria e até mesmo no próprio evento social.

MAC: é o poder, a forma de fazer poder que eu não faço, pode ter certeza. Eu jamais usarei torcida a favor ou contra. Eu jamais falarei mal dos outros, acho que não precisa. Tanto diretor que apareceu lá do nada, pagariam milhões para ter esse história (no São Paulo), mas não podem. E como não podem, combatem.

Cleber: e um momento como vereador, um momento especial...

MAC: ah, acho que a eleição é um momento especial, a minha re-eleição foi um momento especial. A gente que vem do esporte, no começo para me depreciar, disseram "ah esse aqui será igual jogador de futebol, vai vir aqui faz um mandato e some". Imaginaram que eu viesse aqui usar a imagem, que não fosse um cara de conteúdo e viria aqui defender o São Paulo. Bobagem! Eu vim aqui defender a cidade. Fiz uma carreira bonita aqui, tanto que no 2º ano eu fui corregedor, elegi meu presidente da câmara, numa vitória de 30 a 27... desculpe, 30 a 25 e eu ganhei a corregedoria de 28 a 27. Não é fácil, no primeiro mandato. E no segundo mandato fui eleito com 40 mil e poucos (votos) e já sou o Vice Presidente da Câmara. Devo deixar agora no fim do ano, para que outro assuma. Acho legal que outro tenha a experiência que eu tive, oportunidade e contar na vida dele que ele foi vice presidente da Câmara. Eu não quero me perpetuar, até poderia ser re-eleito mas eu acho que não, acho que é hora de deixar outra pessoa assumir o cargo. Assim eu volte a ser um vereador comum, trabalhando em alguma comissão relevante da casa (Câmara), mas é hora de deixar outro no meu lugar. Não passei a toa, deixei trabalhos bem feitos. E outra coisa que é importante, por onde passar deixar história. Uma coisa que não perguntou mais que é importante. Por todos clubes que eu trabalhei eu aprendi e deixei uma semente. Foi assim no Bragantino campeão paulista e vice campeão brasileiro 90/91, foi assim no Guarani onde nós criamos uma geração de grandes jogadores Luisão, Amoroso... fui para o Japão onde a minha equipe subiu de divisão o Kashiwa Reysol trabalhamos lá um ano. Depois eu fui pro Verde Kawasaki onde fui campeão da Copa do Imperador, fui para o Coritiba para mantê-lo na primeira divisão e conseguimos e contei a você do contrato do Alex, contratei o Basílio que ninguém tinha visto. Fui para o Santos, ganhamos o Rio-São Paulo logo de saída, ganhamos a Conmebol, fizemos o centro de treinamento Rei Pelé reformamos a Vila Belmiro fizemos um grande departamento médico também. Depois fui para o Figueirense, que não existia, estava na Série C hoje você vê o Figueirense uma grande equipe, depois fui para o Avaí rival em Santa Catarina e hoje você vê o Avaí ai... quando eu falava que o São Paulo tinha que fazer um time B em Santa Catarina todo mundo falou que era louco, estão ai os times de Santa Catarina. A vinda do Aloísio para o São Paulo foi uma indicação minha. E depois de lá voltei para o São Paulo.

Cleber: o Aloísio tende a ter uma carreira muito boa, promissora?

MAC: eu acho. Se ele tiver juízo, se ele compreender o que está acontecendo com ele. As vezes o jogador se empolga, se assusta, acha que é mais do que é... quando eu posso mando mensagem para ele, para que não erre, saiba que existe limite. Tudo que é bom nele é o interesse, a luta, a entrega... ele tem talento, mas tem algum limite. Para ele trabalhar nesse limite, não imaginar que ele será o maior atacante do Brasil, mas que ele também é um dos melhores. Então trabalhar no nível dos melhores, sou fã dele pela entrega que ele oferta ao clube, é carismático, engraçado. O futebol precisa de personagens como o Aloísio. Aquele cara bonzinho quietinho... vai bem mas não vira. 

Cleber: o futebol precisa ter um produto, uma marca principalmente para o clube. Assim você vai identificando com a torcida.

MAC: exatamente, ele é meio "maluco", envolvido, engraçado. Eu já sabia que ele faria isso. Se você pegar o meu Twitter eu falo isso a muito tempo. Sempre fui fã dele e o pessoal falava, esse cara não serve para jogar no São Paulo, ele é meio grosso... ai você vê as pessoas mudando de opinião. Ai falam, "você gosta do Aloísio tal, você defende o Aloísio..." eu digo, eu entendo de futebol. (risos). Eu sei o sujeito que tem tudo haver, o cara que vai chegar. Tem uns caras que parecem que são, mas não são. Eu faço um desafio: o Aloísio ou o Pato? 

Cleber: (risos) em números? Em quais circunstancias? Grife?

MAC: tecnicamente o Pato é melhor. Mas quem é melhor, hoje? (risos). O Aloísio é melhor. Futebol é isso, saber disso e tirar melhor resultado.

Cleber: e o Ganso, que sempre foi um "ponto fora da curva"...

MAC: o Ganso sempre foi, mas ele precisar SER. O Aloísio é um sujeito que todo o esforço coletado da um resultado positivo muito bom e ai tem valores agregado sua personalidade, estilo forte e baixo tal, que alegre o futebol. Isso é o que está faltando no futebol, o futebol está muito chato. Tem que ter uns caras diferentes no futebol que é para o futebol virar o que a gente gosta! Não ficar aquela coisa maçante.

Não posso deixar de mencionar que fui muito bem recebido por todos e um agradecimento ao Marco por ser dia de votação na câmara e ele conseguir disponibilizar por volta de 50 minutos para essa entrevista, muito atencioso respondeu todas questão de forma clara e simples. Queria agradecer o Eduardo e a Joyce que me propiciaram esta oportunidade ímpar e a Bianca que me ajudou no backstage.

Espero que vocês gostem da entrevista.

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